quinta-feira, 24 de julho de 2014

Com homenagens, fiéis se despedem de Padre Raimundo



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A Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar amanheceu repleta na manhã da última quarta-feira, 23. Familiares, sacerdotes, amigos, fiéis, paroquianos, todos reunidos para despedir do alegre padre Raimundo Inácio da Silva.
Natural da cidade de São João del-Rei, padre Raimundo atuava pastoralmente na comunidade rural de Jacarandira,  em Resende Costa e realizava um grande trabalho com a pastoral Afro-brasileira. Alguns meses atrás o sacerdote foi diagnosticado com um Câncer, acompanhando-o, após uma grande luta, até seus últimos dias de vida.
DSC02236Segundo o Bispo Diocesano de São João del-Rei, Dom Célio de Oliveira Goulart, o sacerdote é um grande exemplo: “Nós sentimos muito nesse momento, mas agradecemos a Deus o ministério do padre Raimundo. Um padre negro que assumiu as suas raízes e fez muito bem por onde passou, ajudando nas festas do Rosário e os grupos de congado”. O bispo também abordou o convívio no último período de vida do padre: “Nós acompanhamos um pouco mais de perto no último mês e  sentimos que ele teve uma dignidade nos finais de sua vida. Um auxílio muito importante das irmãs, filhas de São Camilo, em Resende Costa, e isso  nos dá uma gratidão a Deus que não deixou sofrer tanto neste momento”. E acrescentou, “Perdemos um padre muito importante que era a alegria de nosso grupo. Que Deus agora permita que ele possa participar da alegria do céu”.
DSC02272Grande incentivador da valorização da cultura negra, padre Raimundo trabalhava à frente das celebrações e grupos de congado. Segundo Mário Tomé, integrante do grupo de Congado e Moçambique de Piedade do Rio Grande, grandes ensinamentos foram deixados pelo padre. “Por onde passou ele fez só o bem e vamos tentar fazer tudo aquilo que nos ensinou. Ele preservou muito a cultura, nos deu estrutura para valorizar a cultura afro e por isso temos que agradecer e homenageá-lo (sic)”.
DSC02263Valdeci Braga acompanhou de perto o tratamento do padre e viu as lutas diante da doença. “Lutamos enquanto foi possível. Todos nós temos uma missão. Foi um homem que pregou o amor e ensinou as pessoas a amar e, hoje, nós que acreditamos, sabemos que ele está caminhando para a vida eterna. A Asapac perdeu um ente de sua família”, finaliza o presidente da Associação de Amparo a Pacientes com Câncer (Asapac).
DSC02247Padre Odair José de Carvalho, representante do Clero diocesano falou sobre os sentimentos na ocasião: “Sentimento de tristeza de perdemos o padre Raimundo, conhecido com Raimundão, mas pela fé que professamos, também de alegria por ameninar o sofrimento devido à enfermidade. Nós ficamos felizes também por estar com Deus, sem dor, sem tristeza, somente a paz, a alegria de poder estar contemplado Deus, tal como ele é, face a face”. Sentimentos estes também destacados pela irmã do sacerdote, Maria Antônia da Silva Costa: “A gente fica chateada, era só nos dois. Vou sentir muita falta. Só Deus para amenizar esse sentimento. Éramos muito unidos (sic)”.
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Às 9 horas ocorreu a Celebração de Exéquias na Catedral do Pilar, seguida do enterro no Cemitério de Nossa Senhora das Mercês. No trajeto, atitudes de afeto, carinho e amor, pelo sacerdote. Tambores, sanfona e outros instrumentos eram ouvidos por todos, acompanhando as tradicionais músicas da cultura afro-Brasileira. Sem dúvida alguma, uma demonstração, não de tristeza ou morte, mas de alegria, pela bela trajetória de vida do padre “Raimundão”.
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Texto e fotografias: Lucas Silveira