terça-feira, 26 de julho de 2016

Jovens, “apóstolos da misericórdia” - Por Dom Adelar Baruffi

Bispo de Cruz Alta

A “misericórdia”, palavra-chave do pontificado de Francisco e da vida cristã, será o tema da XXXI Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontecerá de 26 a 31 de julho, em Cracóvia. O tema é uma das bem-aventuranças, que se encontra no "Sermão da Montanha" narrado pelo evangelista Mateus: "Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia" (Mt 5,7). Este tema já foi preparado no caminho pós-JMJ Rio2013, quando o Papa convidou os jovens a meditarem as “bem-aventuranças”.No Rio de Janeiro, o Papa Francisco pediu aos jovens, “de todo coração”, que fizessem das bem-aventuranças um concreto programa de vida: “Olhe, leiam as Bem-Aventuranças, que lhe farão bem!” (cf. Encontro com os jovens argentinos na Catedral de São Sebastião, 25 de julho de 2013).Em 2014, o tema que conduziu as reflexões dos jovens foi: “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu” (Mt 5,3). Em 2015, por sua vez, o tema foi: “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus” (Mt 5,8).Assim, com este tema, a JMJ de Cracóvia insere-se no Ano Santo da Misericórdia e será um verdadeiro Jubileu dos Jovens a nível mundial. Em sua Mensagem para esta JMJ (15 de agosto de 2015), o Papa Francisco convidou os jovens a aprofundarem o sentido da misericórdia divina, que se manifesta sobretudo em Jesus Cristo: “Em Jesus, tudo fala de misericórdia. Mais ainda, Ele mesmo é a misericórdia.” Convida os jovens a meditarem as parábolas da misericórdia, no capítulo 15 do Evangelho de Lucas, da ovelha perdida, da moeda perdida e do pai misericordioso. Salienta a alegria de Deus ao encontrar o pecador arrependido.  O Pai nunca nos abandona ou nos esquece. Diz aos jovens que “a misericórdia de Deus é muito concreta, e todos somos chamados a fazer experiência dela pessoalmente.” Relata sua experiência pessoal da misericórdia, quando, aos dezessete anos, como jovem, no Sacramento da Reconciliação, pôde abrir o coração com humildade e transparência e, assim, “contemplar de forma muito concreta a misericórdia de Deus.” Dirige palavras diretas e de profundo significado existencial aos jovens: “E tu, caro jovem, cara jovem, já alguma vez sentiste pousar sobre ti este olhar de amor infinito que, para além de todos os teus pecados, limitações e fracassos, continua a confiar em ti e a olhar com esperança para a tua vida? Estás consciente do valor que tens diante de um Deus que, por amor, te deu tudo? Como nos ensina São Paulo, assim «Deus demonstra o seu amor para conosco: quando ainda éramos pecadores é que Cristo morreu por nós»(Rm 5, 8). Mas compreendemos verdadeiramente a força destas palavras?” Enfim, o Papa convida os jovens a serem instrumentos da misericórdia de Deus, serem misericordiosos, a serem “apóstolos da misericórdia”. “Sabemos que o Senhor nos amou primeiro. Mas só seremos verdadeiramente bem-aventurados, felizes, se entrarmos na lógica divina do dom, do amor gratuito, se descobrirmos que Deus nos amou infinitamente para nos tornar capazes de amar como Ele, sem medida.” A concretude deste caminho se dá na vivência das obras de misericórdia corporais e espirituais, apresentadas por Jesus na Parábola do Juízo Final (cf. Mt 25), pois “aqui está o critério de autenticidade do nosso ser discípulos de Jesus, da nossa credibilidade como cristãos no mundo de hoje.”  A síntese das palavras do Papa aos jovens poderia ser esta: “deixai-vos tocar pela sua misericórdia sem limites, a fim de, por vossa vez, vos tornardes apóstolos da misericórdia, através das obras, das palavras e da oração, neste nosso mundo ferido pelo egoísmo, o ódio e tanto desespero.”